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Aula 13 (31/5): Preconceito

O preconceito foi o tema da aula do dia 31 de maio. O grupo que apresentou o seminário soube expandir o conceito para além do "tradicional" preconceito racial (se é que ainda podemos chamá-lo assim, já que há anos sabemos que a ciência comprovou que não existem raças humanas).

Não há dúvidas de que cada um de nós esconde, dentro de si, um ou vários preconceitos que, sem que a percebamos, se manifestam de alguma maneira quando não estamos esperando. Resumir o preconceito a unicamente a discriminação pelos diferentes tons da pele é ser simplista demais.

Diariamente, eu tenho incontáveis manifestações internas de pré-julgar pessoas. E acredito não ser solitária nisso. Infelizmente, muitas pessoas nem se dão conta dessa atitude.

Há um questionamento que me pertuba há tempos e que ficou ainda mais forte após essa apresentação: é possível não ser preconceituosa nunca? Tento estar sempre atenta às minhas manifestações preconceituosas para evitá-las ao máximo. Mas até hoje nunca consegui tirá-las no meu pensamento. Ainda que, ao chegar ao consciente, eu evite que esse sentimento ruim se manifeste, ele existe em mim.

E, durante a apresentação do grupo, percebi que, naquela mesmo aula, eu estava sendo preconceituosa. Eu tinha uma ideia preconcebida de muitos dos meus colegas de sala, de quem não me aproximava por já ter uma ideia de que não poderia ter algo em comum com aquela ou aquela pessoa.

Saí da aula pensando sobre como isso nos afeta e como isso poderia ser trabalhado muito profundamente nas escolas. Algo que eu, partiularmente, nunca vi acontecer.

Aula 12 (23/5): Fracasso escolar

O tema desta aula foi muito bem abordado pelos três grupos que se apresentaram. Cada um deles mostrou um ponto de vista diferente: o primeiro focou na visão dos professores; o segundo, na dos alunos; e o terceiro, nas relações interpessoais.

Mais uma vez, ficou clara para mim a importância da tomada da responsabilidade no processo de educação por cada uma das partes. O fracasso escolar não é reflexo apenas da atitude dos alunos ou dos professores isoladamente, mas é resultado de uma série de realizações (ou não realizações).

Outra questão importante trazida para a discussão em sala foi a oposição sucesso/fracasso e a utilidade prática desse tão cobrado desempenho dos alunos.

Aula 10 (9/5): Conflitos

A décima aula foi ministrada pela professora convidada Brigitte Haertel, que apresentou o tema Resolução de Conflitos na Escola - Uma perspectiva social interacionista.

A professora chamou a atenção ao fato de que "sem diversidade não existe ética". Só na pluralidade podemos construir uma sociedade justa. A escola tem um papel inportante como mediadora dessa diferença.

Durante a aula, a professora incentivou a reflexão sobre a existência de uma lógica que estabelece hierarquias para pautar as relações.

Foram apresentados alguns resultados de uma pesquisa sobre gênero que ela realizou. O estudo mostrou que o preconceito de gênero está muito presente entre os jovens.

Para exemplificar o papel da escola como mediadora de conflitos e mostrar como se as relações interpessoais ganham quando é adotado um olhar multifacetado, ela sugeriu uma dinâmica de grupo.

Aula 9 (2/5) - Transversalidade

Os objetivos da educação deveriam ter dois eixos: instrução e formação. No entanto, o que vemos, desde o início da história das escolas brasileiras, é um foco maior no conhecimento científico (conteúdo).

A proposta do autor de Temas Transversais e a Estratégia de Projetos, U. F. Araújo, é inverter esse foco e passar a usar os conteúdos em favor de uma formação voltada à moral, à ética e à cidadania.

Araújo usa a metáfora da rede. Em um eixo estão as disciplinas tradiocionais, como história, geografia, matemática, língua portuguesa, e no outro, estão as temáticas transversais, como as propostas pelos PCNs (Parâmetros Currículares Nacionais): ética, pluralidade cultural, sexualidade, meio ambiente e saúde.

Com a nova proposta, o professor passaria a ser não mais um transmissor do conhecimento, mas um mediador no processo de aprendizagem.

Aula 8 (25/4): Valores

A aula, baseada no texto Educação e Valores: Pontos e Contrapontos, teve como tema principal os valores. Esse sentimento positivo que os seres humanos têm em relação a tudo.

Quando alguém vê um de seus valores ser desrespeitado sente indignação, culpa ou vergonha, independente do olhar do outro. Esses valores mudam de acordo com o contexto.

Mas qual o papel da escola na formação dos valores do ser humano? Se os valores variam como escolher os "universais" que devem ser trabalhados na escola? Um bom início pode ser a Declaração dos Direitos Humanos ou o Estatuto da Criança e do adolescente.

Aula 6 (4/4) - Ponto de Mutação

O filme Ponto de Mutação (Mindwalk, 1990), de Bernt Amadeus Capra, foi o tema da sexta aula do curso. O longa-metragem, estrelado por Liv Ullmann, Sam Waterston e John Heard, é baseado no livro homônimo do físico austríaco Fritjof Capra.

No enredo, um político, um escritor e uma cientista norte-americanos se encontram em um castelo medieval francês, localizado no Monte Saint Michel, e passam a discutir o que ela chama de pensamento ecológico, que se opõe à visão cartesiana do mundo, e a crise de percepção, pela qual, diz a cientista, a raça humana está passando.

Segundo a teoria defendida pela personagem, usamos tanto a metáfora do relógio, de que o ser humano funciona como uma máquina, que pode ser estudada em partes para se ver o todo, que não olhamos mais para o todo. Os problemas do mundo são vistos isoladamente e, muitas vezes, a conexão entre eles é esquecida.

A temática da mudança do mundo é algo que está muito presente na mídia atualmente. Devido a alteração do paradigma de analógico para digital, o marketing das empresas já entendeu que a comunicação que valia para o passado não tem mais espaço atualmente. São inúmeras propagandas dizendo que o mundo mudou, como esta criada pela agência Africa para o banco Itaú.

Apesar do discurso de que somos agora mais abrangentes, mais inclusivos (e, para manter a temática do filme, por extensão, porque não dizer mais sistêmicos?) está em toda parte, mas na prática, como sabemos, essa mudança de pensamento não acontece.

Na verdade, o pensamento cartesiano de dividir em partes para explicar o todo está cada vez mais atual. Os profissionais estão muito mais especializado do que no passado.

Por exemplo, na área da saúde, aquela figura do médico familiar é quase inexistente. Hoje a cada sintoma o paciente procura um profissional diferente e não é mais avaliado como uma pessoa holística. Uma hora ele é um joelho, depois um calcanhar, mais tarde um sistema nervoso, depois uma cabeça... Ao não ser visto como um ser inteiro, ele é tratado por partes, o que muitas vezes se mostra insuficiente.

Na educação não é diferente. Os professores são especialistas em suas áreas. Apesar da tendência da interdisciplinaridade defendida na teoria pelo Estado, a realidade nas escolas públicas é muito diferente. "Cada um por si" costuma ser a máxima na sala dos professores. O mais curioso é que são esses próprios professores que reclamam da falta de apoio e o cooperação dos colegas.

E essa falta de visão sistêmica no corpo docente se extende aos alunos. Eles são vistos como pedaços. Na sala de aula, o aluno não é levado em conta como um ser completo. Sua visão de mundo, sua bagagem cultural, sua experiência familiar nunca é levada em conta.

Além dessa discussão principal, elementos secundários são importantes no filme e reforçam o discurso que defende a visão sistêmica do mundo. Jovens que brincam com os instrumentos de torturas e turistas que jogam lixo no chão são dois comportamentos humanos condenados pelos personagens e que mostram ao espectador como a visão partida causa problemas.

A frustração dos personagens em suas profissões é outro argumento favorável à visão holística do universo. Como se, por trabalhar com foco em uma parte, eles não conseguissem ser completos. As visões da cientista, do escritor e do político funcionam juntas, somadas.

Aula 5 (28/3) - Prepação para o estágio

Na última aula do mês de março, a professora Viviane nos ajudou a desenhar o esboço de nosso relatório de estágio. Além de passar um esquema sobre as partes que devem constar no trabalho, ela ouviu nossa ideia de pergunta e sugeriu maneiras de conseguir as respostas.

O grupo, que tem como tema A questão do gênero na escola, decidiu que a pesquisa será feita com professores de ensino fundamental e médio de escolas públicas com o intuito de descobrir se há diferença na relação afetiva entre alunos e professores, com relação ao gênero.

Como relação afetiva não estamos nos referindo a questões de ordem sexual, mas ao afeto, ao respeito, ao carinho entre mestres e pupilos.

Aula 4 (21/3) - Educação e amor

As professoras Montserrat Moreno e Genoveva Sastre, ambas da Universidade de Barcelona, falaram sobre amor e educação em uma palestra ministrada no auditório da FE-USP (Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo), com mediação da professora Valéria Arantes.

"Amor, cooperação e conflito" foi o tema inicial. A professora Montserrat mostrou que, ao acreditar que o amor é um sentimento universal, podemos cair no erro de achar que os seres humanos amam de maneira igual. A apresentação da professora da Universidade de Barcelona me fez pensar o quão relativo é esse "complexo de sentimentos", como ela o chamou.

Acho que nunca havia parado para refletir que o amor (assim como muitos conceitos que acredito verdadeiros e únicos) é, na verdade, uma construção cultural. O meu amor não é igual ao de um africano ou de um inglês. Quando muda a cultura, muda a forma de pensar o amor.

O que temos em comum _não apenas seres humanos, mas outros animais também_ é uma pulsão pela vida, um instinto cooperativo e altruísta que permite que a vida exista até hoje. Montserrat exemplifica sua teoria com a evolução das bactérias procarióticas, que surgiram há milhões e anos e só permaneceram na terra porque têm um comportamento cooperativo.

Na segunda parte da palestra, a professora Genoveva falou sobre "Como construímos universos" e a ideia romantizada que temos do amor. A apresentação da pesquisadora incluiu um estudo sobre conflitos amorosos que foi realizado em sua universidade.

Por meio de situações empíricas, os entrevistados tinham a tarefa de organizar os elementos das situações de conflito. Segundo a professora, aprender a organizar as experiências é o ponto central da educação. "Uma educação ética deve ter como eixo central as relações interpessoais", disse.

Ao fim da palestra, saí com a impressão de que precisava repensar todos os conceitos que tenho como certos e redimensioná-los de acordo com o contexto em que estão inseridos.

Aula 3 (14/3) - Progresso

Na terceira aula do programa, os temas abordados foram O progresso e a metáfora do desenvolvimento e Dimensões cognitivas do sujeito psicológico.

Lewis questiona o conceito de progresso na vida escolar. Ele destaca quatro principais problemas nessa maneira de ver o desenvolvimento dos alunos. Primeiro, porque é preciso determinar uma meta. Depois, é necessário que alguém determine esse objetivo. Em terceiro lugar, para chegar lá é preciso escolher um caminho, que pressupõem-se que seja melhor que outros. E por fim, a consequência mais grave que é ter a criança como um eterno "vir a ser".

A discussão sobre o texto de Lewis levantou outro assunto: a falta de projeto vital dos jovens. Uma das mais assustadoreas constatações sobre a geração atual é que os jovens não tem um "onde chegar". Falta um objetivo de vida e, consequentemente, falta interesse por quase tudo.

Outro aspecto abordado na aula foi o sujeito psicológico. Muitos teóricos usam um recorte do ser humano para efeito de estudo, mas erramos quando esperamos que esse sujeito fragmentado seja encontrado na sala de aula.

O sujeito psicológico tem quatro principais sistemas: biológico, cognitivo, sócio-cultural e afetivo, que se comunicam com os meios físico, social, cultural e interpessoal. Não há como separar o aluno de seu contexto.

Fora da sala 1 - Definição de tema

Na segunda aula, foram definidos os grupos de trabalho e os temas que cada um deles vai trabalhar neste semestre. Assim que vi as opções, já soube que precisava estudar as diferenças de gênero, tema que me intriga desde sempre.

Na semana passada, iniciei a leitura do livro Educar Meninas e Meninos - relações de gênero na escola, de Daniela Auad. Após a observação da relação entre meninos e meninas, homens e mulheres, em uma escola de Ensino Fundamental, a pesquisadora faz várias observações sobre a diferença de tratamento entre os gêneros: os papéis pré-definidos de meninos e meninas, a expectativa dos docentes em relação às crianças, a ocupação dos espaços da escola por meninos e meninas, assim por diante.

Entre as colocações que me chamaram a atenção estão as diferenciações que ela faz entre gênero e sexo e entre desigualdade e diferença. Conceitos simples, mas muitas vezes ignorados por nós e que fazem toda a diferença na formação das crianças. Ao tratar a diferença com igualdade é que eliminamos as desigualdades.

Depois da página 10 já tinha a certeza de que escolhi o tema certo para trabalhar.

Aula 2 (28/2) - Inteligência

Na teoria, é impossível de discordar da ideia de Piaget de que o conhecimento é construído por meio de interação. Aluno e professor devem manter uma relação dialética, meio e sujeito são pólos complementares. Ninguém ensina ninguém, ninguém aprende sozinho.

Mas eu não sei ao certo como se faz isso na prática. Como deixar para trás o modelo que temos desde a pré-escola de que o professor detém o conhecimento e ao aluno cabe repetir o que é dito por ele, reproduzir suas falas e pensamentos.

Mesmo em um curso como o de letras, em que o pensamento crítico deveria ser livre, muitas vezes me pego sendo obrigada a repetir discursos que não são meus, ideias das quais discordo, porque são tidas como perfeitas.

Esse assunto ainda é muito vago para mim e, com certeza, preciso de mais reflexão sobre essa teoria para chegar a alguma conclusão.

Aula 1 (21/2): apresentação

Confesso que não sabia muito o que esperar da disciplina com um título tão abrangente como Práticas escolares, diversidade, subjetividade. A aula podia ser tudo, ou pior, podia ser qualquer coisa.

Como filha e irmã de professoras, se tem algo que me incomoda entre os profissionais do ensino é essa mania corriqueira de culpar os outros pelos problemas: a escola é mal localizada, os alunos são preguiçosos, os pais não se preocupam com os filhos, a diretora não dá apoio, a coordenadora não orienta, os outros professores não ajudam... Tudo é motivo para o trabalho não ser bem feito. Ninguém quer assumir a parte que lhe cabe no tal latifúndio.

Por isso, à medida que a aula foi se desenvolvendo, eu fui divagando sobre a possibilidade de analisar a escola da perspectiva psicológica: e se a gente fizesse mais? E se a gente mandasse a instituição para o psicólogo? Colocasse a escola no divã e mostrasse para ela quem é a responsável pela sua própria vida?

Foi com essa ideia maluca que saí da primeira aula da disciplina de nome abrangente já com o título desse blog criado. Como seria bom se a gente conseguisse dar à escola essa libertação desesperadora que a terapia nos dá: assumir a responsabilidade pelos próprios atos e deixar de culpar o destino pelas agruras da vida e esperar dele as felicidades.